piloto


acho que muitos de nós constantemente pensamos em como as coisas seriam se morrêssemos agora. Quem iria no meu funeral? O que iriam fazer com as minhas coisas? O que o meu quarto passaria a ser na casa da minha mãe e do meu pai? Creio que estamos sempre preocupados em deixar algum tipo de legado pra trás, e com a tecnologia permeando cada vez mais as nossas vidas, acabamos não nos preocupando mais em escrever diários, revelar fotos, e manter registros significativos de alguma forma. Crio fantasias em minha mente, qual seria o título da notícia que iria passar no jornal? "Jovem goiana de 23 anos morre, deixando sonhos e objetivos não conquistados para trás". E então imagino, algumas poucas pessoas que me amaram, tendo vontades de revisitar os meus objetos guardados em meu quarto, de rever as minhas publicações na internet, de tentar encontrar alguma coisa que torne mais viva a memória de quando eu ainda estava aqui. Depois de muito procurar, com lágrimas nos olhos e sem conseguir fazer mais nada além disso, uma dessas pessoas encontra um velho blog, que ninguém mais tinha conhecimento de existir, e dentro dele diversos pensamentos, talvez nunca compartilhados, quem sabe nunca antes lidos, pensamentos diários sobre sentimentos e tentativas de entender as coisas que se passam pela sua cabeça, tentativas de se reconectar à hábitos do passado. 

Tenho vontade de inspirar mesmo depois de morta, de deixar rastros pra trás. Tenho vontade de fazer os outros se perguntarem quem eu sou (ou quem eu fui?). E nada mais livre e sincero do que escrever frases que acreditamos que ninguém nunca vai ler, onde temos total liberdade pra simplesmente ser e pensar. 



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