mori
Gosto de pensar em como tudo que a gente toca carrega história.
Tudo que vemos e usamos passou pelas mãos de tantas outras pessoas até chegar na nossa.
O livro que você compra no sebo, que antes esteve na prateleira da casa de alguém, que uma hora foi o presente de outro antes amado, e hoje não passa de um desconhecido.
O pão que peço na padaria, que foi feito pelas mãos de uma pessoa, e de tantas outras que colheram o trigo, e que transportaram os ingredientes de local em local.
A roupa que visto, que antes foi uma ideia na cabeça de alguém, até ser desenhada e reproduzida em inúmeras peças, que pertenceu ao meu pai em sua adolescência, e que junto a ele escalou montanhas, e hoje junto a mim percorre países.
Quando um novo objeto toca minhas mãos pela primeira vez eu sempre penso por onde ele andou até chegar em mim, e também por onde irá andar depois de mim, até o momento em que ele irá deixar de ser o que ele é.
O que vai acontecer com todos os livros que tenho em minha estante uma vez que eu me for?
Serão doados pra biblioteca de uma creche?
Irão parar em um sebo e acabar nas mãos de diversas pessoas que jamais irei conhecer?
E no final? Acabarão queimados? Desintegrados na natureza até virar pó? Da mesma forma que um dia meus ossos servirão de adubo?
E o que será feito de todas as histórias que foram por este objeto interligadas?
Morrerão junto de cada um dos corpos que o tocaram?
Enterradas em seus túmulos?
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