redes sociais

a razão pela qual eu gosto das redes sociais é que podemos através de imagens, vídeos e pensamentos, compartilhar com outras pessoas o que sentimos em relação ao mundo a nossa volta e as nossas visões. compartilhar alguma coisa e saber que outras pessoas também acreditam nisso, ou aprenderam com isso ou viveram coisas parecidas nos faz sentir pertencentes a algo maior. sinto que prender pensamentos e sentimentos na minha cabeça não faz muito sentido, e que eles precisam de alguma forma voar. porém, meus sentimentos em relação as redes vem se tornando cada vez mais controversos, e eu acredito que não exista uma solução para o que estou procurando mudar. criar conteúdo aqui dentro me deixa feliz, mas consumir, na maioria das vezes, faz o contrário. não porque os conteúdos que eu sigo são chatos ou desinteressantes, não é nada disso, mas o mundo ganhou uma velocidade que me faz mal. hoje a gente tem, mais do que nunca, tudo na nossa mão, e em qualquer lugar. esperando no elevador, enquanto cozinhamos, enquanto comemos, andando de ônibus, saindo com os amigos, enquanto assistimos alguma coisa. no menor sinal de tédio a primeiro coisa que *involuntariamente* fazemos é pegar no celular e checar alguma rede social, ver se alguém postou algo novo, encher nosso cérebro de dopamina. nós cortamos todos os momentos de tédio que antes existiam, de olhar pra parede e deixar os pensamentos fluirem enquanto esperamos alguma coisa.

o tédio carrega consigo muito mais do que a gente imagina. é no ócio que muitas vezes encontramos a criatividade, ou que pensamos em coisas que não teríamos tempo pra pensar em outros momentos, que iniciamos conversas com desconhecidos, ou que aprofundamos os laços com os conhecidos. hoje, o real e o virtual não tem fronteira, eles estão completamente entrelaçados e não conseguimos desconectar uma realidade da outra. no virtual, tudo passa mais rápido, as informações atravessam o mundo em segundos, os textos são curtos, os vídeos duram 15 segundos, os áudios estão acelerados em duas vezes, nossa atenção se dispersa em inúmeros pontos na tela, e tudo compete por ela. e qual seria então o problema de entrelaçarmos o real e o virtual? não estaríamos então fazendo a nossa vida passar mais rápido? não estamos reparando cada vez menos em detalhes que existem ao nosso redor? não estamos com a cabeça baixa assistindo vídeos enquanto paisagens ricas passam pela janela ao nosso lado? não estamos deixando de notar a tristeza no rosto de alguém? ou a alegria?

a vida é curta demais, e estamos tornando o que é curto, ainda mais curto. tudo ta passando ainda mais rápido. sei que agora tenho vinte e poucos anos, e sei que daqui a pouquinho não terei mais, e quero que o tempo escorra tão lentamente quanto possível, quero olhar quando eu ver, quero sentir o que tem ao meu redor, quero lembrar de detalhes irrelevantes, quero estar presente em todas as ações que eu fizer, e hoje, a batalha é constante, pra lutar contra o impulso de me manter no mundo virtual o tempo inteiro, eu preciso sair da minha zona de conforto, preciso me desafiar em cada minuto que se passa, e preciso lembrar porque estou fazendo isso.

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